terça-feira, 25 de setembro de 2007

Portimonense - C.F. "Os Belenenses", 30 anos depois...

Esta foto foi tirada poucas horas antes da Final da Taça de Portugal 2006/2007


No dia 4/9/1977, pela primeira vez assisti ao vivo a um jogo de futebol, disputava-se a primeira jornada do Campeonato Nacional da Iª Divisão da temporada 1977/78, entre o C.F. "Os Belenenses" e o Portimonense.
Como já referi num post anterior, nunca poderei explicar o que me levou no dia 26/6/1976 a tornar-me adepto do Portimonense, ao ouvir o primeiro relato na rádio que me lembro, entre o Varzim e o Portimonense, jogo que consagraria o clube da Póvoa como Campeão Nacional da IIª Divisão (vitória por 3-1 em Tomar). Pouco mais de um ano depois, estava eu sentado na bancada de sócios do C.F. "Os Belenenses", clube do qual fui sócio desde o dia em que nasci até há poucos anos atrás, muito caladinho e empunhando uma pequena bandeira do Portimonense, comprada no exterior do Estádio do Restelo. Do jogo apenas me lembro que Artur Jorge jogava no Belenenses e aquando do primeiro golo do clube azul escorreram lágrimas na minha cara. Ao meu lado estava o meu avô, hoje com 86 anos e sócio dos azuis desde sempre. Foi ele que me levou pela primeira vez a assistir a um jogo de futebol e sem nunca me questionar, acompanhar-me-ia vezes sem conta para ver o clube das listas pretas e brancas. Além das várias deslocações a Portimão, sobretudo nas férias de Verão onde assistimos juntos a inúmeras partidas, tanto particulares como oficiais, também nos deslocámos a outras paragens. Lembro-me de um jogo contra o União de Leiria em Agosto, no Estádio do Portimonense, que suportámos estoicamente perante um calor abrasador que levou o meu avô a refrescar-se com água e cervejas fresquinhas. Mais tarde confidenciou-me que não se estava a sentir nada bem mas que por mim ficou até ao apito final. Noutra ocasião fomos a Peniche assistir a um jogo da Taça de Portugal frente ao clube local, partida que vencemos dificilmente por uma bola a zero perante uma assistência em que certos elementos se faziam acompanhar por camaroeiros! Claro que vimos várias vezes os nossos dois clubes a enfrentarem-se, com vantagem clara para os pastéis de Belém... E como não podia deixar de ser, estivemos lado a lado no Estádio do Portimonense a assistir ao inesquecível jogo a contar para a Taça U.E.F.A. frente ao Partizan de Belgrado.
Amanhã, muitos anos após o último jogo em que ambos os clubes se defrontaram, tenho muita pena que o meu avô não tenha aceite o meu convite para se deslocar a Portimão, a um Estádio que bem conhece, ver o jogo a contar para a Taça da Liga. Disse-me que se a partida se disputasse no Restelo teria ido ver, como vai sempre que o Belenenses joga em casa, mas que Portimão é muito longe e não queria deixar a minha avó em casa sózinha durante muito tempo. Não sei quando será a próxima vez que ambos os clubes se encontrarão em jogos oficiais, mas espero vir a ter a honra de acompanhar o meu avô nesse dia, que espero vir a acontecer.
Há poucos meses acompanhei-o à porta do Estádio Nacional, vestido a rigor, com uma camisola autografada pelo plantel do Belenenses e foi com uma lágrima no canto do olho que vi aquele homem de cabelo branco misturar-se com a multidão com a alegria de um jovem, disposto a apoiar o seu clube frente ao Sporting.
Amanhã, independentemente do resultado final, pensarei muito nele, em tudo aquilo que fez por mim e sentirei a sua presença ao meu lado!
Para o meu avô, José dos Santos Pinto, sócio nº 334 do clube da cruz de cristo e a melhor pessoa que conheci até hoje, vai um grande abraço e o meu muito obrigado por tudo e também por me ter acompanhado tantas e tantas vezes para que eu pudesse torcer pelo meu clube de sempre, o Portimonense!
Agradeço também a todos os elementos do Portimonense, desde atletas a técnicos, por me terem proporcionado assistir ao jogo que em termos emotivos mais significado tem para mim.

1 comentário:

Toy Marafado disse...

Pedro, é por isto que cá andamos...
Sentido, emocional, um relato marcante e com certeza terás muitas mais boas recordações!
O meu Pai também me acompanhou por muitos campos atrás do Portimonense, embora seja vitoriano desde sempre. Também nunca me questionou talvez porque saiba que não se deve ir contra o que o nosso coração sente..
Obrigado por este testemunho Pedro. Muito Obrigado!