ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O TREINADOR DO PORTIMONENSE, VÍTOR PONTES
No dia 17 de Maio, o Treinador Vítor Pontes, pese a sua pouca disponibilidade, acedeu a receber o Blog do Portimonense, precisamente após o último treino da temporada, um dia antes da partida frente à República da Irlanda (1-1) que marcou o término da época do Portimonense.
Esta entrevista havia sido pedida no Estoril e foi prontamente aceite por Vítor Pontes, que fez um rescaldo da temporada finda e levantou um pouco do véu acerca dos objectivos para a época que se avizinha.
Identificado com a realidade do Portimonense, Vítor Pontes adoptou um discurso pausado, realista, abordando todos os assuntos com frontalidade.Abordou os fortes laços criados entre jogadores e equipa técnica. Agradeceu o apoio da Direcção, "que esteve sempre junto de nós mesmo nos meses mais difíceis", e de um modo geral de todos os funcionários do clube e da massa associativa.
Depois do Portimonense ter terminado a 1ª volta do Campeonato a 7 pontos dos lugares de Manutenção e tido por muitos como condenado à descida, foi a equipa que mais pontos conquistou na 2ª metade da competição (28 pontos), tendo terminado na 11ª posição.
Vítor Pontes foi um dos grandes responsáveis pelo "milagre" da Manutenção!
O actual Treinador do Portimonense, Vítor Pontes, em discurso directo, em mais um EXCLUSIVO do Blog de Todos os Portimonenses.
"Sempre acreditei que iríamos inverter o rumo dos acontecimentos!"
Blog do Portimonense: Como surgiu o convite para treinar o Portimonense?
Vítor Pontes: "Recebi um telefonema do Presidente Fernando Rocha a convidar-me para treinar o Portimonense. Posteriormente, procurei informar-me junto de pessoas que conheciam melhor a realidade do clube, de forma a estar preparado para a tarefa que me tinham proposto. Acreditar nas pessoas é fundamental e Fernando Rocha é aquilo que costumamos chamar de "gente séria". Quando cheguei a Portimão sabia ao que vinha e desde logo identifiquei-me com a realidade do clube."BdP: Depois de ter descido no Vitória de Guimarães, porque aceitou treinar uma equipa sem vitórias na Liga Vitalis e aparentemente condenada por muitos à descida de Divisão?
Para além do Presidente Fernando Rocha ter-me sensibilizado para aceitar o convite para treinar o Portimonense, depois de alguns meses no desemprego, tinha a necessidade de voltar ao trabalho. Treinar é aquilo que mais gosto e mais prazer me dá fazer e já estava há muito parado. Estava na hora de voltar a fazer aquilo que mais gosto e em boa hora apareceu e aceitei o convite. Sinto-me bem é no relvado, no balneário, a comandar jogadores..."
BdP: Quando entrevistámos o Presidente Fernando Rocha, ele contou-nos um episódio curioso que se passou no autocarro do... Chelsea.
BdP: Vítor Pontes estreou-se com uma vitória frente ao Beira-Mar para a Taça da Liga em Portimão e depois, num período que durou cerca de dois meses, apresentou o seguinte registo:
28/10: Portimonense 1-1 Vizela (Liga Vitalis)
31/10: Beira-Mar 3-1 Portimonense (Taça da Liga) - Eliminação
04/11: Desp. Aves 2-0 Portimonense (Liga)11/11: Portimonense 0-2 Freamunde (Liga)
25/11: Penafiel 1-0 Portimonense (Liga)02/12: Portimonense 2-1 Olhanense (Liga)
09/12: Sertanense 2-1 Portimonense (Taça de Portugal) - Eliminação16/12: Beira-Mar 2-0 Portimonense (Liga)
Que análise faz a este percurso? Manteve-se fiel ao plano por si delineado ou foi necessário alterar de alguma forma a sua estratégia?
Vítor Pontes: "Na véspera do jogo frente ao Olhanense, que ditou a nossa primeira vitória na Liga, afirmei que tinha chegado a hora de vencer. Estávamos em último lugar e lembro-me de ter dado uma Entrevista ao Jornal "A Bola", a 1 de Dezembro, cujo recorte guardo em casa, onde disse convictamente que iriamos vencer. Pese a qualidade do Olhanense, que nunca tinha sido derrotado na condição de visitante até ao jogo de Portimão, fiz esta afirmação em função do que era a nossa evolução e qualidade de jogo. Ao longo deste período em que os resultados não foram os desejados, íamos de jogo em jogo assistindo a melhorias visíveis apesar de uma enorme ineficácia atacante, que atingiu o seu auge na partida em Portimão frente ao Freamunde. Pelo trabalho realizado durante a semana e por aquilo que fomos assistindo ao longo dos jogos, sabíamos que mais cedo ou mais tarde os resultados apareceriam e foi essa a mensagem que sempre procurámos passar para o grupo. É óbvio que não sabíamos que rubricaríamos uma 2ª volta notável."
BdP: Após este período negro o Portimonense realizaria "apenas" a melhor 2ª volta do Campeonato, sendo a equipa que conseguiu amealhar mais pontos. O que originou na sua opinião esta completa metamorfose?
Vítor Pontes: "Sempre acreditei que iríamos inverter o rumo dos acontecimentos. A subida gradual do rendimento da equipa levou à tão desejada recuperação. No jogo frente ao Trofense, disputado na Trofa, realizámos na minha opinião o melhor jogo do Campeonato. Esta exibição levou-me a afirmar após o jogo: "Eu não estou a ver a equipa que nos vai vencer na 2ª volta!". Na jornada seguinte, na Póvoa, fizemos outra boa exibição, num jogo que deveríamos ter vencido. A partir daí tivemos uma sequência de jogos sem derrotas. A confiança em nós próprios aumentou e os resultados começaram a surgir. Apesar de ter sempre acreditado que iríamos ser bem sucedidos e de os resultados comprovarem essa situação, encontrávamo-nos sempre numa situação difícil, pois a diferença pontual para os nossos adversários no final da primeira volta era muita grande."BdP: Em que momento acreditou que o Portimonense tinha dado finalmente a volta aos acontecimentos e que se manteria na Liga Vitalis?
Vítor Pontes: "A vitória em Olhão frente ao Olhanense, que se encontrava ainda a lutar pela promoção foi para todos nós uma grande sensação de alívio. Nesse momento acreditámos que já não desceríamos de Divisão. Num jogo de grau de dificuldade elevado, ganhámos sem mácula e sem margem para contestação."BdP: O Portimonense partiu para a 2ª metade da prova a 7 pontos da permanência, com uma equipa jovem e aparentemente em baixo do ponto de vista anímico. Em Dezembro o plantel sofreu muitas alterações, tendo saído mais jogadores do que os que entraram. Dispensou Thiago Coimbra e Osvaldo, dois elementos que não se chegaram a estrear, Rui Ferreira e Carlos Manuel, dois dos elementos mais experientes do plantel, Mamadou, que pouco jogou e viu-se a contas com um processo disciplinar, Malick Cissé, também pouco utilizado e Maxi Bevacqua que partiu para o Liechtenstein. Manteve os jogadores mais jovens e apostou em quatro contratações. Tchomogo, que para além de se ter lesionado, se ausentou algum tempo ao serviço da Selecção do Benim. Solimar e Volkov que raramente foram opção. Finalmente, Vouho que em apenas 283 minutos jogados, fez 5 golos.
Que tem a dizer sobre todo este processo de dispensas/contratações?Vítor Pontes: "Uma das nossas maiores preocupações era fechar o plantel o mais rapidamente possível, de forma a dar tranquilidade aos jogadores. O rendimento de alguns elementos não era o melhor, o que levou à sua dispensa. Outra preocupação era reduzir o número de jogadores no plantel. Fomos então procurar encontrar jogadores que tornassem o grupo mais equilibrado e competitivo. Quando contratámos Tchomogo, não esperávamos que fosse convocado para a CAN, pois estava afastado das convocatórias havia já algum tempo. Após a participação na CAN, regressa e lesiona-se, tendo voltado novamente a ser seleccionado. No decorrer deste processo, e até porque não havia muito mais a fazer, foram encontradas outras soluções para o seu lugar. Solimar, apesar de ter sido muito pouco utilizado, revelou possuir um grande carácter, foi um elemento muito importante dentro do grupo até por ser muito experiente e, apesar de ter pouco ritmo competitivo, era importante ter mais um médio defensivo. Não nos podemos esquecer que Nuno Prata Coelho realizou um excelente Campeonato e acabou por não dar hipótese aos seus concorrentes. Antes de avançarmos para a contratação do Solimar, recolhemos informações que nos diziam tratar-se de um elemento com um carácter aglutinador no interior do grupo. Volkov foi contratado, não por necessidade, pois na sua posição tínhamos outras opções, mas por poder ser uma aposta de futuro. Acabou por ser uma boa opção para o lugar de Emídio Rafael, mas devido à sua pouca utilização e ao esforço financeiro que o clube teria de fazer para comprá-lo em definitivo, achámos por bem prescindir dos seus serviços. Trata-se de um investimento caro para um lugar onde já estamos bem servidos, não sendo portanto uma prioridade. Vouho foi pouco utilizado, possuía pouco conhecimento do nosso futebol mas revelou-se uma peça fundamental, que gostaríamos de manter para a próxima temporada."
BdP: O Portimonense apresentou muitas das vezes um futebol mais bonito fora de portas do que em Portimão, e com melhores resultados. Como se explica este facto?
Vítor Pontes: "Esse facto pode ser explicado por diversos factores. A maioria dos nossos adversários quando vinham jogar a Portimão jogavam muito fechados atrás, criando-nos muitas dificuldades. Tivemos muitas dificuldades em jogar em ataque continuado e muitos dos golos que marcámos surgiram em lances de bola parada. Tal facto pode ser explicado pelas reduzidas dimensões do nosso Estádio quer pelas características dos próprios jogadores do plantel. Quando jogávamos no terreno dos adversários, eles tinham que se expor mais.
Outro aspecto que teve influência foi a adaptação quase diária que os jogadores tiveram que fazer aos diferentes pisos. Ora treinávamos na Penina, ou em Estômbar, ou no Dois Irmãos, ou no Municipal..."
BdP: Renovou por duas temporadas, quando tinha outros convites. Como perspectiva a próxima temporada?
Vítor Pontes: "Os objectivos para a próxima temporada passam por conseguir uma classificação melhor que o 11º lugar conseguido este ano. Tencionamos ficar na primeira metade da tabela classificativa e criar condições para lutar por objectivos mais ambiciosos a médio prazo. A renovação traduz o agradecimento pela forma como o nosso trabalho foi reconhecido. Procuraremos evitar as dificuldades que o Portimonense tem atravessado nos últimos anos."Vítor Pontes: "Esse facto pode ser explicado por diversos factores. A maioria dos nossos adversários quando vinham jogar a Portimão jogavam muito fechados atrás, criando-nos muitas dificuldades. Tivemos muitas dificuldades em jogar em ataque continuado e muitos dos golos que marcámos surgiram em lances de bola parada. Tal facto pode ser explicado pelas reduzidas dimensões do nosso Estádio quer pelas características dos próprios jogadores do plantel. Quando jogávamos no terreno dos adversários, eles tinham que se expor mais.
Outro aspecto que teve influência foi a adaptação quase diária que os jogadores tiveram que fazer aos diferentes pisos. Ora treinávamos na Penina, ou em Estômbar, ou no Dois Irmãos, ou no Municipal..."
BdP: Renovou por duas temporadas, quando tinha outros convites. Como perspectiva a próxima temporada?
BdP: Que análise faz ao facto do público afecto ao Portimonense acorrer em bom número ao Estádio mas parecer sempre tão amorfo?
BdP: Que importância tem para si o Futebol Jovem do Portimonense e as suas Camadas Jovens? Para além de André Gomes, mais algum atleta poderá ser promovido ao plantel profissional?
BdP: A quem gostaria de deixar uma palavra de agradecimento?
Vítor Pontes: "O sucesso alcançado por este grupo é fruto de um trabalho de conjunto. Agradeço a todos os funcionários do clube, sem excepção. Todos os treinadores estão de parabéns pelo seu contributo. Foram criados laços muito fortes entre todos, um excelente ambiente que possibilitou ao Portimonense fazer uma 2ª volta excepcional. A Direcção foi inexcedível e sempre nos apoiou, mesmo nos períodos mais difíceis. Hà muita gente com responsabilidade nesta conquista. Não posso esquecer os meus colaboradores, o Departamento Médico, os roupeiros, e a massa associativa, sempre presente. Não vencemos o Campeonato mas a 2ª volta notável que fizemos tem o sabor de um título, salvo as devidas distâncias. O sentimento interior, em Todos Nós, disse-nos que fomos uns Campeões!"Dedicatória especial de Vítor Pontes
Foi um orgulho puder entrevistar Vítor Pontes, que demonstrou grande competência no comando do nosso Portimonense.
Agradecemos a sua simpatia e disponibilidade para nos receber. São atitudes como as de Vítor Pontes que nos motivam a continuar, sempre no apoio ao Portimonense.
Obrigado, Mister!
Agradecemos a sua simpatia e disponibilidade para nos receber. São atitudes como as de Vítor Pontes que nos motivam a continuar, sempre no apoio ao Portimonense.
Obrigado, Mister!
10 comentários:
Victor Pontes ou Vítor Pontes?
Nem tinha reparado que está assinado Victor.
Bem, quando houver um tempinho altera-se para Victor.
Tens olho clínico Ruben lol
pois, eu tb sempre escrevi vítor :)
a entrevista está fixe. tem aí uma ou duas explicações para algumas das questões que se têm levantado pelos adeptos.
Temos um grande treinador de forte caracter.
Creio que nos deixou esclarecidos quanto a questões que andávamos meio curiosos.
Temos um conjunto de gente dedicada a apostar melhor futuro para o nosso clube.
Acredito na seriedade de todos e na grande força de vontade do Sr. Victor Pontes e da Direcção.
Penso termos o essencial para avançarmos de novo RUMO Á VITÓRIA.
Parabéns por esta entrevista e para você Mister Pontes, O NOSSO MUITO OBRIGADO.
Antigamente escrevia-se VICTOR assim como VICTORIA.
Com a evolução da lingua portuguesa o "C" foi abolido de certas palavras.
Estão correctas as duas formas mas claro se o Sr. Victor Pontes assina Victor terá que ser respeitado pois é o que tem no Bilhete de Identidade.
Não havia necessidade mas foram contratar o Volkov...
Mas compraram?
Sim porque depois é dito que o Portimonense tinha que comprá-lo em definitivo.
Então compraram parte de passe do jogador, para uma posição que já tinham o Emídio, para depois dispensar.
Então mas se tinha futuro, fizeram contrato de 4 meses? Para o dispensar pensa-se que já não tinha contrato.
Então e se fosse mesmo bom? vinha outro clube busca-lo a custo 0.
Ou então o Volkov estava emprestado? Se calhar fez-se aqui confusão de emprestado ou comprado.
Sr Pontes, essa de assinar com Victor...deve ser um trocadilho do tipo Roque e escrever Rock
treinávamos na Penina, ou em Estômbar, ou no Dois Irmãos, ou no Municipal
Também no David Neto não?
ah esquecem,no David Neto era treinos de corta-mato.
O que eu acho espectacular no Sr Pontes à parte o seu profissionalismo é apresentar-se sempre com seu fatinho nos relvados.
Nem mais senhor Pontes assim é que é. Temos um grupo de gente bonita.
Ass: Uma mulher
O NOSSO "SPECIAL ONE" NESTA ENTREVISTA DA MAIS UMA PROVA DE GRANDE CARACTER E GRATIDAO.A SUA COMPETENCIA FICOU BEM PATENTE NA RECUPERAÇAO LEVADA A CABO NA SEGUNDA VOLTA,ONDE A SUA CAPACIDADE DE TRABALHO E DA RESTANTE EQUIPA TECNICA FORAM A PRINCIPAL CAUSA PARA A REVIRAVOLTA.OBRIGADO MISTER!!!ASS.NUNO PACHECO
Grupo de gente bonita, começando pelo ppl do blog, sem modéstia...
Grande Pontes, com os dois anos que assinou, espero que tenha sido com o projecto subida.
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