LIGA VITALIS - 17ª Jornada: Portimonense 0-1 União de Leiria (CRÓNICA)

Delgado não fez muitas alterações

Alê em grande estilo!

Narcisse apadrinhou a estreia do reforço Garavano

SEM GOLOS NÃO HÁ VITÓRIAS

PORTIMONENSE DESPERDIÇOU OPORTUNIDADES FLAGRANTES E SOFREU UM GOLO EM LANCE DE CONTRA-ATAQUE. OUTRA DERROTA QUE NÃO ESPELHA O QUE REALMENTE ACONTECEU NAS QUATRO LINHAS. FALHOU... A PONTARIA.

A Lei do Futebol voltou a imperar numa espécie de fotocópia de jogos anteriores em que o Portimonense, perante o seu público, foi surpreendido por uma União de Leiria que nunca se mostrou superior.

Primeira parte com futebol de fraquíssima qualidade e com o estado do relvado a não ajudar. O Portimonense incapaz de criar desequilíbrios nas alas com Gonzalo isolado na frente de ataque. Sem inspiração para construír uma única jogada com princípio, meio e fim, sobrava o jogo directo e inconsequente para a cabeça de Gonzalo, sempre lutador mas muito desapoiado por uma linha média que esteve muito recuada. A reter, um remate da União de Leiria no bico da área do lado esquerdo com Alê a fazer a defesa da tarde num fantástico golpe de rins que levou a bola a saír por cima da baliza.

No Portimonense também Gonzalo teve a sua oportunidade falhando uma recarga no interior da área com a baliza praticamente deserta. Exigia-se calma. Gonzalo preferiu a força e com o seu pior pé (direito) finalizou de forma desastrosa. Em bolas paradas as tentativas também não surtiram efeito. Apenas um cabeceamento de Fausto Lúcio, após marcação de um canto, pareceu querer ultrapassar a linha de golo mas um defensor dos visitantes impediu os festejos.

O final de primeira parte aproximou-se sem novidades e o resultado em branco aceitava-se pelo facto de nenhuma das equipas ter demonstrado clara superioridade, embora a maioria das poucas oportunidades tivessem pertencido ao Portimonense.

Na segunda parte tudo mudou. O nosso clube entrou disposto a marcar, balanceado para o ataque e tomou conta do meio-campo mas as oportunidades teimavam em não surgir. Marcou a União de Leiria em lance atípico e perfeitamente evitável: na transformação de um livre frontal que favorecia o Portimonense, a 5 metros da grande área (Cosme Machado permitiu que a barreira estivesse em cima da bola...) Gonzalo atira rasteiro com a bola a ficar "presa" na floresta de pernas leiriense e posteriormente afastada para o meio-campo pelo ar. Na recuperação da bola Fausto e Nuno Coelho atrapalham-se, deixando o esférico à mercê dos adversários que lançam contra-ataque venenoso. Pateiro serve Cássio que, à boca da baliza, não falha perante um desamparado Alê.

Amílcar Delgado não tardou em lançar Garavano, reforço argentino chegado no mercado de Janeiro, para a frente de ataque. Gonzalo Marronkle passou a ter alguém ao seu lado que permitiu melhorar a presença na área onde passámos a conseguir ver melhor envolvimento e interessantes movimentações. Em claro 4-4-2, os extremos passaram a ter um ponta-de-lança mais perto e a troca de bolas começava baralhar os visitantes que passaram a jogar nos 30 metros à frente da sua baliza. No ataque final do Portimonense Raphael Freitas substitui o apagadíssimo Hugo Santos e a pressão intensificou-se. O brasileiro realizou talvez os melhores 20 minutos que vimos ao serviço do Portimonense (que garra!) e esteve pertíssimo do golo num cabeceamento após canto do lado direito. Com enorme coragem Raphael cabeceou onde ninguém chegou e a bola caprichosamente bateu no poste "morrendo" nas mãos do guarda-redes leiriense que estava complamente batido. Seguem-se dois minutos de paragem para assistência ao brasileiro da equipa da casa e ao defensor que disputou o lance, momentos que chegaram a gerar procupação devido ao "choque" entre cabeças.

Poucos minutos depois é Marronkle a rematar ao lado após jogada que mostrou bom envolvimento com Garavano no interior da área.

Também Garavano chegou a ter oportunidade de conseguir o empate quando, de cabeça, após cruzamento do lado direito, desviou a bola para o poste mais afastado, um pouco ao lado.

Caso para perguntar: porque não entrou o Portimonense com esta determinação e com esta disposição táctica desde o início? Será preciso esperar por um golo adversário para termos então uma equipa com os olhos postos na baliza? Porque não assumimos a toada de ataque desde o apito inicial, mostrando que em Portimão mandamos nós? Assim, limitámo-nos a correr contra o prejuízo... e contra o tempo que ia passando veloz.

Perderam-se assim mais 3 pontos quando, provavelmente, até o empate seria penalizador para o Portimonense. Existe um claro défice de eficácia, severamente penalizado por erros infantis que até empates deitam por terra...

Fica no entanto "aprovado" o 4-4-2, dando a entender que a força de Marronkle merece alguém por perto para dar seguimento aos lances, algo que na 1ª parte nunca aconteceu.

Começará esta semana o reinado de Lito Vidigal que terá à sua espera muito trabalho. Neste jogo as principais deficiências detectadas passaram pela falta de dinâmica ofensiva em 4-3-3. Sem extremos inspirados e capazes de desequilibrar, não há oportunidades que apareçam. E quando elas surgem, Marronkle dá mostras de preocupante incapacidade de finalização. A União de Leiria só precisou de 10% das oportunidades que o Portimonense teve para marcar um golo e assim decidir o jogo. Certo é que, com tamanha ineficácia, não há Pontes, Vidigal, Mourinho, Wenger... que resistam.

O árbitro Cosme Machado não teve decisões complicadas e não influiu no resultado final. Poderia no entanto ter sido mais severo na mostragem de cartões amarelos, particularmente devido ao anti-jogo, em que os visitantes abusaram...

2000 Portimonenses estiveram a assistir ao jogo e não tiveram sequer direito a agradecimento da equipa. Ao invés, a dezena de ultras leirienses fez a festa junto dos seus jogadores vendo os 500 kms de viagem premiados com uma camisola do jogo, cada um.



FICHA DE JOGO

Estádio: Municipal de Portimão.
Assistência: cerca de 2000 espectadores.
Árbitro: Cosme Machado (AF. Braga).


Portimonense: Alê; Anílton Júnior, Fausto Lúcio, Leo Tambussi e Emídio Rafael; Nuno Prata Coelho "capitão", Narcisse Yameogo (Garavano, aos 60') e Diogo Melo (Rui Pedro, aos 74'); Hugo Santos (Raphael Freitas, aos 69'), Vasco Matos e Gonzalo Marronkle.
Suplentes não utilizados: Paulo Ribeiro; João Vítor, Heslley e Philco. (Nilson, Asís e Luís Loureiro foram os preteridos)
Treinador: Amílcar Delgado.

União de Leiria: Ricardo; Paulo Vinicius, Luís Carlos, Mamadou, Patrick, Tiago, André Santos (Luís Manuel, aos 62'), Marco Soares, Pateiro, Maciel (Ouattara, aos 71'), e Cássio (João Pedro, aos 87').
Suplentes não utilizados: Thiago Leal; Ricardo Sousa, Wagnão e Miguel Paixão.
Treinador: Manuel Fernandes.


Ao intervalo: 0-0.
Marcador:
0-1 - Cássio, aos 56 minutos.

Acção Disciplinar: cartão amarelo para Fausto Lúcio (48'), Cássio (51'), Narcisse Yameogo (52'), Diogo Melo (73'), Luís Manuel (82'), Pateiro (85') e Ricardo (90'+2').

DECLARAÇÕES

"Fomos superiores nos 90'. Falhámos na concretização."
Amílcar Delgado, Treinador do Portimonense

"O Portimonense não merecia perder..."
Manuel Fernandes, Treinador do U. Leiria