NEM DEU PARA COMEÇAR!

Falta de atitude, falta de espírito de entreajuda, falta de qualidade, incoerência táctica e uma expulsão quando estavam decorridos 5 minutos de jogo explicam uma derrota óbvia e incontestável do Portimonense (4-0). Nem poderia ser de outra forma, perante o líder deste Campeonato que dispõe de "matéria prima" para outras andanças.

Lito Vidigal apresentou de início uma defesa bastante alta. Nuno Coelho, por exemplo, surgia frequentemente a tentar recuperar bolas não muito longe da área adversária. Foi nestas circunstâncias que um passe longo colocou a bola nas costas da defesa Portimonense. Tambussi, em disputa com Djalmir, comete falta e é correctamente expulso. Não seria penalti (a falta começa a ser cometida fora da área) mas o árbitro aplicou castigo máximo, convertido pela equipa da casa. A jogar com menos um, em desvantagem no marcador e ainda com 85 minutos pela frente, Lito Vidigal conseguiu "subtraír" mais dois jogadores recuando Vasco Matos para lateral direito e convergindo Ricardo Pessoa (que há 4 anos só joga a lateral-direito!) para a esquerda. Teria sido uma fantástica invenção, não fosse o caso de se tratarem de dois jogadores nada rotinados com estes papéis que, nestas condições, teriam que enfrentar talvez os extremos de melhor qualidade do Campeonato. Uma combinação que teria logo à primeira vista (eu não precisei de tirar nenhum curso para chegar a esta conclusão) mais potencialidade de falhar do que para correr bem... num momento do jogo em que o mais importante seria "assentar" a equipa, dando-lhe tranquilidade. Ou seja, Lito ainda baralhou mais. Nilson teria sido a opção mais lógica para a esquerda e... onde anda João Vítor?!

Tacticamente também não se compreende a saída de Gonzalo (entrou Raphael). Aceita-se que a opção recaísse por jogar em contra-ataque mas, nesse caso, porque entra Henrique mais tarde para fazer o papel de Gonzalo, voltando tudo ao início?! Porque não jogar com dois pontas de lança fixos, que obrigassem a "encostar" 3 defesas contrários, equilibrando o jogo a meio campo... tal como se fez no jogo do Santa Clara?! Ou mesmo 3 centrais, libertando os laterais para tarefas ofensivas? Tacticamente todas as opções foram muito discutíveis.

Em vantagem numérica, com jogadores de qualidade, o Olhanense não teve qualquer dificuldade em controlar o jogo.

Não tardou muito para que o segundo golo chegasse. Em lance pelo lado esquerdo da defensiva Portimonense, Ricardo Pessoa é totalmente baralhado pela finta de Ukra que, sem dificuldade, entra na área e assiste Djalmir. Note-se que a 3 metros do lance, Narcisse limita-se a apreciar a jogada quando poderia perfeitamente ter fechado o caminho ao atacante Olhanense que pela sua frente tinha um lateral sem rotinas. Lá está... que é feito do espírito de entreajuda?!

É esta a história até ao final do jogo em que um Olhanense, sem ter necessidade de forçar muito, ampliou a vantagem e aos 60 minutos já efectuava substituições de poupança. Foi só trocar a bola, deixar o tempo passar e aproveitar as aportunidades que iam surgindo pois ofensivamente a nossa equipa pouco ou nada conseguia construír.

O Portimonense foi uma total nulidade num jogo que não poderia ter terminado de outra forma e em que nem conseguiu entrar na disputa por um final feliz! Difícil destacar outro jogador que não Alê, afinal aquele que impediu que o marcador fosse ampliado para números verdadeiramente pornográficos.

Preocupantes também as afirmações de Lito Vidigal no flash interview que fala de um Portimonense "a crescer" quando o percurso tem sido exactamente o inverso, quer em termos exibicionais, quer nos resultados. Para além de uma vitória obtida com 4 dias de trabalho (o mérito não será em boa parte de Pontes?!) no terreno do Boavista, não há até agora muito mais a elogiar sobre o trabalho desta equipa que nos últimos 2 jogos produziu duas exibições muito confrangedoras... e nem falo do jogo na Vila das Aves porque não o vi.

Não podemos baixar os braços. Nada mais se perdeu que 3 pontos mas fica bastante claro que para a manutenção ficar assegurada, este esforço, esta atitude, estas exibições, não chegam! A semana de paragem do Campeonato veio em boa altura para assentar ideias!

Com o Portimonense viajaram mais de 200 adeptos. Porventura foi por eles que se notou a presença do Portimonense em Olhão. É que no relvado só jogaram os adversários, apoiados por alguns 5 mil...